domingo, outubro 29, 2006

INOCENTE

Vou contar um caso de minha infância .Sempre fui respondona, arteira, mas neste caso fui inocente.Tenho uma irmã mais nova que eu nove anos, que na época,não era nascida, mas até hoje, sabendo dessa história, duvida da minha inocência...Morávamos em Jacaúna, interior de S.P.Papai era maquinista numa máquina de beneficiar café, e morávamos no quintal dela.O banheiro, era " privada ".Uma casinha de um metro quadrado,de tábuas,sem cobertura,e havia uma caixa de madeira, onde se sentava, para fazer as necessidades,num buraco....A gente escutava qdo. o bagulho caia lá embaixo...Ainda bem que era fundo, já pensou espirrar na gente????Pois bem, havia junto a casinha, uma laranjeira, onde havia um ninho de tico-tico.Eu juro que naõ sabia que tinha gente lá dentro,e fui olhar se já tinha nascido o filhotinho,isso fazia diariamente e sempre a mamãe falava, não mexa nos ovos, senão a mãe abandona o ninho e também você vai ficar pintada como eles...( nunca mexi ) mas sou sardenta... Olhei, desci, fui tranquila prá casa que era ali mesmo.Dali a pouco o papai veio bravo, falando que eu estava espiando o fulano lá na privada,pois o cara foi falar isso para ele.Jurei inocência,mas papai me pegou pela mão, me levou na máquina, e me prendeu numa tulha de café.Era um corredor comprido, com diversas tulhas.Me fechou, lá havia café em coco,,era escuro, a gente ouvia barulho, que eu achava que era morcego voando, mas nunca soube o que era.Como o café era em coco,qto .mais a gente se mexia, mais afundava,mas de certo o papai sabia que com aquele tanto de café, não daria para me cobrir inteira...Claro que chorei muito,depois o papai foi me tirar de lá, ( ele estava trabalhando ) me pegou pela mão, sentou-se numa escada, me colocou em seu colo, ( 1935, portanto eu tinha só sete anos,) passou a mão em meu rosto, me beijou e falou>>Filinha (esse é meu apelido até hoje) Tenho certeza que você não fez isso, mas vou castigá-la, para provar para o fulano,que sei como educar meus filhos.Felizmente não me lembro do nome do cara, mas era grandão, e negro,Filho da p.....
Coitado,deve ter sofrido muito enquanto eu estava lá na tulha.Mas ele achava que era assim que se educava.Nessa época, ele tinha 32 anos, pois era de 1903..
ah, que saudades que sinto da aurora da minha vida.......tchau,gente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia flor do dia.
Ate eu me emocionei ao ler sua história.
BJS